Pantera Negra
Da origem moçambicana, Eusébio recebeu o apelido de "Pantera Negra". Já pela seleção de Portugal, ele mostrou todo o seu talento na Copa do Mundo da FIFA Inglaterra 1966, quando marcou nove gols e ajudou o país a conquistar um histórico terceiro lugar. Maior jogador lusitano de todos os tempos, Eusébio foi também o primeiro grande atacante nascido na África a despontar e o primeiro negro a receber o prêmio Bola de Ouro na Europa.
O craque iniciou a carreira no Sporting de Lourenço Marques, ainda em Moçambique (o país se tornou independente de Portugal somente em 1975). Com 18 anos, a sua fama chegou à Europa e atraiu a atenção de grandes equipes. Benfica e Sporting Lisboa, dois dos maiores times do futebol português, iniciaram uma verdadeira guerra para contratá-lo. Incomodado com o assédio, Eusébio decidiu se "refugiar" em um vilarejo na região do Algarve enquanto as negociações se desenrolavam. Com o Benfica levando a melhor na disputa, o jogador se dirigiu à capital lusitana para marcar de vez a história do clube.
Rapidamente, o atacante encantou os torcedores graças à raça, velocidade, chute poderoso e dribles curtos aprendidos nas ruas de Lourenço Marques (atual Maputo). Logo na segunda apresentação com o Benfica, Eusébio mostrou todo o seu potencial. Em um amistoso contra o Santos, de Pelé, ele roubou a cena ao balançar as redes três vezes. Estava aberta a contagem, que chegaria a nada menos que 320 gols em 313 partidas oficiais pelo clube. Aos 20 anos, Eusébio foi o grande herói da conquista da Copa dos Campeões de 1962. Na final contra o Real Madrid, de Alfredo di Stefano, mostrou incrível maturidade ao marcar dois gols no duelo vencido por 5 a 3.
Antes mesmo da conquista europeia, Eusébio já havia chegado à seleção. A primeira convocação veio em outubro de 1961, para uma partida contra Luxemburgo. Na sequência, o atacante foi peça fundamental na campanha que classificou Portugal para a primeira Copa do Mundo da FIFA, na Inglaterra 1966. Ao todo, ele marcou sete gols nas eliminatórias. No Mundial disputado no berço do futebol moderno, entrou credenciado pela Bola de Ouro de melhor jogador europeu recebida no ano anterior e não decepcionou, inscrevendo definitivamente o seu nome na história do esporte.
Na estreia na Inglaterra, Portugal derrotou a Hungria por 3 a 1. Em seguida, Eusébio marcou o seu primeiro gol na vitória por 3 a 0 sobre a Bulgária. Já na última partida do grupo, o atacante brilhou ao anotar duas vezes nos 3 a 1 sobre o Brasil, que eliminou os então bicampeões mundiais. No entanto, a grande campanha não parou por aí, e Portugal alcançou pela primeira vez as semifinais ao derrotar a Coreia do Norte em partida memorável. Com 3 a 0 de desvantagem no placar, os europeus conseguiram incrível virada em 5 a 3 graças aos quatro gols marcados pelos seu maior craque. Tanto pela atuação individual de Eusébio como pela virada, o jogo é apontado ainda hoje como um dos mais emocionantes da história da Copa do Mundo da FIFA.
Após a brilhante participação, o sonho português foi encerrado na semifinal após a derrota de 2 a 1 para a Inglaterra, em que Eusébio marcou o gol do seu país em cobrança de pênalti aos 37 minutos do segundo tempo. Mais tarde, os donos da casa conquistariam o título da competição ao derrotar a Alemanha Ocidental. Com Portugal fora da disputa pela taça, Eusébio poderia ter se dado por satisfeito com os oito gols marcados em cinco jogos. No entanto, ele voltou a se destacar na última apresentação da seleção, anotando mais um no triunfo de 2 a 1 sobre a União Soviética, que valeu ao país um lugar no pódio. "A Copa do Mundo de 1966 foi o ponto alto da minha carreira", garantiu mais tarde o jogador. "Perdemos na semi, mas o futebol português ganhou bastante na ocasião."
Mesmo tendo marcado 41 gols em 64 partidas com a seleção, Eusébio não conseguiu levar Portugal a outras glórias. Único astro do país em quase duas décadas, ele não viu o surgimento de outra geração talentosa e perdeu a chance de brilhar ainda mais no cenário mundial. Dessa forma, a participação na Copa do Mundo da FIFA Inglaterra 1966 acabou sendo a sua única na competição.
Já no Benfica, Eusébio se tornou um verdadeiro ídolo e um símbolo de fidelidade ao passar quase 15 temporadas na equipe, conquistando nada menos que 11 títulos nacionais. Mais tarde, antes de se aposentar, acertou bons contratos para atuar na nova liga dos Estados Unidos e voltou a Portugal apenas em 1976, para jogar pelo Beira-Mar. O retorno, no entanto, foi marcado por uma grave lesão no joelho que praticamente o obrigou a encerrar a carreira dois anos mais tarde.
Entre as diversas homenagens que recebe até hoje, a estátua de bronze feita pelo Benfica e colocada na entrada do Estádio da Luz é certamente uma das mais marcantes. Outra grande menção veio na Euro 2004, em que foi escolhido como um dos embaixadores de Portugal no torneio. Mesmo 40 anos após a sua passagem pelos gramados, Eusébio é visto não apenas como o maior jogador português de todos os tempos, mas como o maior esportista da história do país.